Michael Blandy considera que o facto de o JM ter como sócio "alguém disposto a pagar a factura", que "aparentemente tem algibeira sem fundo", dificulta o aparecimento de um terceiro jornal na região num mercado de livre concorrência
O presidente do conselho de administração do Grupo Blandy, proprietário do Diário de Notícias da Madeira, diz que o presidente do Governo Regional tem uma "política para tentar esmagar" o matutino madeirense, mas afirma que a empresa "vai resistir".
"O Diário [DN] dá-nos muita visibilidade, mas é um negócio que é um pouco complicado gerir devido às pressões políticas que existem", afirma Michael Blandy numa entrevista à Lusa, lamentando as dificuldades causadas à empresa pela "situação perfeitamente invulgar" de "concorrência desleal" do Jornal da Madeira (JM), cujo capital é detido quase a cem por cento pela Região Autónoma da Madeira.
O empresário considera que o facto de o JM ter como sócio "alguém disposto a pagar a factura", que "aparentemente tem algibeira sem fundo", dificulta o aparecimento de um terceiro jornal na região num mercado de livre concorrência.
"Existe claramente uma política de tentar esmagar e influenciar o Diário" de Notícias, frisa Michael Blandy, declarando que "os empresários também sabem resistir" e que, depois de dois anos de reformas, a situação financeira do grupo está "novamente equilibrada".
"Nós temos apenas uma pessoa com quem temos uma certa dificuldade de entendimento: o senhor presidente do Governo, que tem a sua forma de
ser", diz.
Para o empresário, o presidente Alberto João Jardim até está "a fazer um bom serviço" no projecto de desenvolvimento da Madeira, mas tem "elegido o Diário como oposição [política] porque tem na região uma que é politicamente muito fraca".
"O que é pior é quando um político trata de esmagar um negócio de um grupo económico, porque quer o domínio de tudo", afirma, acrescentando: "Logicamente, não vamos aceitar e vamos lutar contra isso".
Michael Blandy recorda que Jardim acabou de fazer "uma coisa extraordinária, que foi proibir membros do PSD de escreverem no Diário". Uma proibição que o líder madeirense já veio desmentir, bem como os cronistas que se afastaram, invocando sim uma posição de "solidariedade" para com o partido.
"Sabemos que ele foi à comissão política (PSD) e que ele proibiu as pessoas de escrever e sabemos que deixaram de escrever. Mas como todo o bom político, sabe dar a volta às suas palavras e vai fazer uma reviravolta de 180 graus porque tem sempre razão, nunca reconhece um erro", destaca.
Michael Blandy considera "há princípios que são importantes e seria muito mau para a Madeira o Diário de Notícias desaparecer".
"Nós não queremos guerra com o Governo Regional", frisa, apontando que o grupo teve de "tomar medidas porque entende que o que está a ser feito é completamente ilegal e infringe as leis da concorrência".
O caso já chegou mesmo às instâncias comunitárias e existem "deputados ingleses dispostos a levantar questões sobre este assunto", revelou Michael Blandy, mostrando-se confiante: "Isto pode durar algum tempo, mas vai haver solução".
A agência Lusa tentou obter uma reação junto do gabinete da secretaria regional com a tutela da Comunicação Social, o que não foi possível até ao momento.